Vicente Lucas

Vicente LucasDados pessoais
Data de nascimento: 24-9-1935
Naturalidade: Lourenço Marques, Moçambique

Carreira profissional
Posição: Defesa e Médio
Clubes que representou: 1º de Maio (Moçambique) e Belenenses (Portugal)
Vencedor da Taça de Portugal 1959/60
31º jogador Internacional A do Clube de Futebol “Os Belenenses” (30º, Ex-aequo com Raul Figueiredo).
Jogos pela Selecção Nacional: 20
Estreia pela seleção: 3 de Junho de 1959, em Lisboa, frente à Escócia (1-0)
Último jogo: 23 de Junho de 1966, em Liverpool, frente à Coreia do Norte (5-3)
3º jogador da história do Belenenses com mais internacionalizações.

 

Começou por ser, simplesmente, o irmão de Matateu. Mais novo do que o avançado do Belenenses, Vicente ainda se manteve por Lourenço Marques mais uns anos, jogando no 1º de Maio enquanto o seu irmão já fazia furor na Metrópole. Depois, em 1954, foi a sua vez. Como Matateu, o destino foi o Belenenses.

Calado, tranquilo, bondoso, Vicente tornou-se numa das figuras mais queridas da história do futebol português. O seu estilo subtil, instintivo, como se jogasse de pantufas, marcou uma época e entrou na galeria dos mitos. Se chegou a Lisboa envolto na expectativa de seguir as pisadas goleadoras do irmão, rapidamente desmentiu essa fantasia e criou uma verdade bem mais a seu jeito: a de ser um defesa de categoria ímpar, de técnica apuradíssima e rapidez de movimentos impressionante. Na sua capacidade de antecipar os lances e os movimentos do adversário, chegando sempre primeiro às bolas em disputa, alicerçou uma carreira que o Mundo soube apreciar por inteiro. Vicente era o defesa que não cometia faltas, jogava limpo e era discreto como ninguém mais conseguia ser.

Cinco anos depois de ter assinado pelo Belenenses, Vicente chegava à Selecção Nacional na qual nunca teve uma presença muito firme. Os confrontos com o Brasil, sobretudo aquela célebre vitória de Abril de 1963, em Lisboa (1-0), criaram um facto inesquecível na vida do defesa central português: a forma como soube marcar Pelé, a grande estrela do futebol mundial, secando-o por completo, sem utilizar meios ilícitos, e que permitiram à imprensa rejubilar em manchete: “Vicente meteu Pelé no bolso!”. Não admira, portanto, que das suas 20 internacionalizações, Vicente some 6 contra o Brasil. Desta forma, quando convocado para a fase final do Mundial de 1966, em Inglaterra, e sabendo que seria titular no primeiro encontro, contra a Hungria (3-1), surpreendeu-se: “Pensei que vinha só para marcar o Pelé”. Não tendo participado em nenhuma das partidas da fase de qualificação, Vicente jogou quatro encontros da fase final, saindo da equipa na meia-final, contra a Inglaterra (1-2), alegadamente por ter sofrido uma lesão no pulso, mas com muita gente a levantar a suspeita de que teria havido movimentações para o preterirem no onze português em favor de um companheiro. O Portugal-Coreia do Norte (5-3) marcaria assim o seu adeus à ‘equipa de todos nós’. Não adivinhava, então, que a época seguinte, na qual só realizou três jogos pelo Belenenses, seria a última. Um estúpido acidente de automóvel provocou-lhe um rasgão na córnea. Era o fim do defesa central azul, que sabia como não deixar jogar Pelé.

Inauguração do Campo Vicente Lucas

Inauguração do Campo Vicente Lucas

Pouco tempo depois, em 22 de Janeiro de 1967, foi alvo de uma homenagem ímpar: teve lugar em todos os campos onde se jogou, então, uma jornada dos Campeonatos Portugueses. Desde então para cá, permaneceu sempre ligado ao Belenenses, por vezes como Treinador Adjunto e também como técnico das escolas de jogadores com o seu nome.

Em 2013 foi alvo de mais uma homenagem. Ao 4º campo de treinos de futebol do Complexo Desportivo do Belenenses foi atribuído o seu nome. Sendo o primeiro jogador do Belenenses a receber uma homenagem enquanto vivo, e esperamos que o seja por muitos e bons anos.

Expressão imortalizada em sua homenagem: “Corta Vicente”.